Boquiaberta

sexta-feira, outubro 26, 2007

resposta

daniel san, bukowski se autodenominou um romântico frustrado. a culpa não é minha.

terça-feira, outubro 23, 2007

água e sal

bailarina do rosto, transparente, sincera
contorna montanhas, encontra abismos. machuca, corrói, apanha.
louca insana, poderosa sutileza.

você não sabe a força que tem. não sabe a quantos faz mal e raramente faz bem.
bonitinha enquanto nova, amarga quando velha.

eu não gosto de você e ainda assim você teima em me escorrer.

segunda-feira, outubro 22, 2007

chinaski

sempre pensei que encontraria o príncipe encantado. coisa de menina. apesar da minha cor preferida ser o amarelo ( e não o rosa ), apesar de eu nunca ter brincado de barbie, apesar de eu ter coleção de carrinho sempre sonhei com o amor...
já me enganei, já enganei.
hoje em dia, já que não tenho mais 15 anos, penso em Bukowski quando penso em amor: um romântico frustrado. hoje bebo vinho e sou enganada. e me deixo enganar...
nunca foi tão bom e sincero entregar meus sentimentos nas mãos de um alguém.
Parece mentira todo dia. parece conto, não de fadas, de jornal. bem realista, bem crítico, bem pesado. Pesa sobre mim. gosto de ver que sou querida, que sou amada. me faz esquecer a vontade de acabar com o mundo, acabar com a vida. implorar carinho, implorar atenção sempre me foram tabus. esqueci disso hoje. esqueci de ser arrogante, esqueci de ser orgulhosa. continuo pensando que o romantismo é frustrante, mas consigo, ao menos, esquecer disso em todos os momentos em que vivo ao lado do homem da minha vida. talvez seja por isso mesmo que seja ele o homem da minha vida: mesmo nos momentos tristes, de conflitos e desavenças, consigo lembrar da primeira vez que um dos caras mais bonitos que conheci entrou no bar. sem beber, só fumar. e até seu cheiro de cigarro, seu pouco cabelo e seu bigodinho mal feito fazem com que eu perceba o quanto o quero bem. o quanto o amo.
é o fim da frustração, ou o começo de outra. acredito na primeira até a segunda me provar o contrário. sabe a história dos culpados e inocentes, né? pois é, nesse caso faço do ditado meu modo de viver.

quarta-feira, outubro 17, 2007

poeminha barato

a dez reais me vendo
me vendo no espelho
tirando foto e chorando
desejo, anseio, reprimo

anda, corre, grita
emudece, umedece
choro e gozo
confusão... que grande confusão

a dez reais acho que ganho a vida
ganho um pouquinho de comida
nem quero comer
vomito, limpo, cheiro

cheio. estufa. cansaço


fico indignada com o alto preço de coisinhas baratas

guerra fria

acho que me distanciei de você. totalmente. percebi que hoje em dia você faz coisas que antigamente não faria nunca. mudou muito, mudou demais. não sei se estou sendo clara mas hoje te vi definhando. fez um mal gigantesco rever você e olhando pelo seu ângulo deve ser pior. deve enxergar um monte de nada perambulando, andando em círculos. sua alegria não depende mais de mim e acho que você percebeu. quando a gente brigou não entendi porque ainda andava comigo. eu não gosto da sua companhia e nunca gostei. você mente e eu sou sincera, você é egoísta e eu altruísta. com certeza os opostos não se atraem. eu te odeio por hoje, mas preciso de companhia e sei disso. e eu sei que você sempre acaba aparecendo, conturbando meu presente e esquecendo que minha vida já criou sentido e não depende da sua existência. inútil monte de tudo. seu potencial me enoja e quero você longe. por enquanto. me queira perto. eu sei que ainda sou um grão de pó seco e letárgico, mas posso me tornar interessante. quero você na vala mas quero que você me queira bem. meus artifícios, minhas maneiras de conseguir coisas podem ser desumanas, cruéis. podem ser... nunca são. não gosto de tristezas, de melancolias e tudo que detesto admitir odiar está sempre ao meu lado. tenho uma espécie de amor a coisas pútridas. uma delas é você. que cruzou meu caminho sem ao menos pedir passagem. agora sustenta meu vício. me mostra amada e ama. de todas as formas possíveis, ama. não foi o que você pediu? eu finjo e você se contenta. você é verdadeiro e eu não consigo acreditar... olha que ironia: a sua sinceridade. tão fraquinha, tão sozinha. bem feito. podre e mulambo vagabundo. meu outro eu.

quarta-feira, outubro 10, 2007

vindicare

estava passando no posto de gasolina e vi um gato. um pelo curto feio. maltrapilho, maltratado. tinha uma metade de orelha e me fitou como se me julgasse.
passamos bem uns 5 minutos assim: entreolhares.
Eu não sabia se saía do carro e ele se entrava no beco. deu-me a impressão de que tinha pressa, mas poderia ser timidez. uns olhos amarelos que não são humanos, nem caninos. uma fenda sugestiva, um brilhante ar conquistador.
uma paixão desumana. uma beleza crucial. pensei no conceito de belo e em quanto ele anda em voga. no mundo dos gatos os mais gordos seriam reis; os mais magros: nerds; os de olhos claros: comuns; os de pelo longo: ricos; os de pelo curto e raça: classe média e os sem orelha como este: vagabundos. e é por esses vagabundos que meus olhos param e meus pensamentos se perdem. olhei na alma daquele gato, maldito gato.
ele queria só minha atenção. queria erguer seu ego em detrimento do meu tempo. me achou estúpida e abusou da minha piedade. tudo bem, eu gostei. gostei enquanto ele me enganou de amarelo, enquanto sua fenda se abria por falta de luz. senti dor e remorso ao abandoná-lo debaixo do pneu...

terça-feira, outubro 02, 2007

ceder ao impossível

você tem me elogiado tanto. gosto de ouvir e ando até acreditando em algumas das bobagens que ouço. estou me gostando mais. esses dias me olhei no espelho e até me achei bonita. meu cabelo tinha brilho e minha boca estava rosada... muito mais bonita que a sua. eu estava apaixonada por mim. desculpa, essas coisas a gente não escolhe. vou me casar comigo ainda esse mês. já marcamos a data porque engravidei antes do tempo. sabe como é a paixão...
desculpa, viu. na verdade te amei. te amei até perceber que eu me amo.

idiossincrasia

algumas pequeninas coisas magoam mais que a grandiosidade de fatos inúteis. ontem te vi nua pela manhã e teu corpo parecia tão mais frio que o ambiente. ontem te vi no almoço e cada grão de arroz parecia congelado e insoso perto da tua boca. a boca que já foi quente e hoje anda triste. ande triste consigo... andar com tristeza acompanhada só te faz pior.
teus olhos obscurecem tua verdade e teu cabelo só faz dúvida, textura insana. mãos de menina, pernas de mulher.
sabe que gostei de te ver fria, te ver triste, te ver só? alguém percebeu que você, por valer tanto, não merece um grão desse mundão que não vale nada.