Boquiaberta

quarta-feira, março 12, 2008

o filho

alguma coisa me aflige. esqueci de tudo e de todos enquanto a madrugada não me deixou dormir profundamente. um toque lento e macio me descia o dorso e não havia mãos, lençóis ou qualquer coisa física, foi só um arrepio. paralisei de medo do futuro, medo de ter feito o que não devia, o que não queria. medo de ter me perdido e deixado nas mãos de outrém a tarefa que só a mim foi delegada.
joguei tudo aos ares, virei a bunda na cara do mundo e quis andar nua, livre, só. não recebi nenhum tipo de glória. cheguei a parte mais podre de mim e quero dizer que eu gosto. gosto de sofrer e reclamar. gosto do desastre, de chorar, de cair. mudei para nunca mais olhar triste os olhos de quem não me olha, de quem finge que não vê.
prefiro agora sair dando tapas e sorrindo do nada e do tudo. me fizeram de boba e eu cai. resolvi vestir a carapuça.