Boquiaberta

terça-feira, junho 24, 2008

enough

eu não quero mais ver rostos. canso a cada dia de ver olhos, bocas. fito o espelho como esperando que saltasse dele minha imagem para substituição desse corpo que já não aguenta mais. os sonhos que passam ultimamente são mais vivos que o dia-a-dia mórbido, fraquinho, inóspito. vivi presa por muito tempo a pessoas que não merecem um pingo do meu esforço ou da minha compaixão. lutei sozinha e em vão por valores que, descobri a pouco, são somente meus. cada um tem seu mundinho girando ao redor do umbigo. do próprio umbigo, dane-se a coletividade.
cansei de militância e de dizer mil vezes que falta mais justiça, amor, paz e todas as coisas que as misses insistem em desejar em concursos fantásticos de mulheres belíssimas.

sábado, junho 14, 2008

masmorra

dei minha cara a tapa. ontem pela manhã fiz de conta que seria um bom dia, como o tiozinho do estacionamento sempre diz. não sorri nem esbocei qualquer tipo de reação positiva a qualquer estímulo exterior. acordei triste, dormi com sono e dor de cabeça. um banho resolve. e foi isso mesmo. hoje acordei com a cabeça ainda doendo, mas a tensão nos ombros já não tinha o mesmo peso. dei alguma risada, conversei alto, baixinho. disse pequenas bobagens para fazer rir. quando voltei até em casa, cansada, esqueci de acrescentar que ninguém perde, ninguém ganha e em questão de mais-valia até que o trabalhador foi bem explorado.
não me importa o que tenha acontecido e o que fez de você um mero sofredor. não me interessam suas razões para dizer e desdizer. reações nem sempre são esperadas ou bem-vindas. não se esqueça que sempre "foi ele que começou". gostei, menti, surtou, larguei. não foi você nem ele. fui eu.
eu que hoje decidi ficar as sós com quem foi cúmplice dos meus piores segredos e soube me olhar nos olhos com a mesma sutileza de outrora. um espelho de mim quebrado em mil pedaços juntados do chão com o cuidado com que são pintadas porcelanas. senti imenso pesar ao perceber que era eu. era só eu ali; feliz e triste. fui eu o tempo todo quem não soube guardar minha vontade de amar em um sacolão atrás do guarda-roupa.