al coda
fitei o nada com um medo mudo. vi seus olhos e lembrei do dia que te conheci. me apaixonei por uma casca oca, sensível, falsa, fraca. não pensei duas vezes em conhecer o segredo pequeno que havia atrás de um grande e desengonçado corpo feio e mulambo. era a alma doce e burra de alguém que não sabe controlar o que sente, sabe e vê. não foi por uma palavra mal-dita, nem por um gesto impensado. a mágoa que guardo é por não ter conseguido amar. por ter passado tanto tempo inócuo. não guardo saudades, lembranças, memórias, carinhos, risadas... esqueci seu rosto e durmo tranquila e feliz em braços incapazes de erguer a voz em minha direção.